domingo, 27 de novembro de 2011

Eram algumas horas da tarde. E a dor muito intensa. Fugir dali talvez fosse o mais fácil, e se poderia, era lícito! Porque então ficar, porque preferir não remediar as feridas e descansar numa sombra a beira de um rio?
Parecia uma sina, caminhar pelo lado mais difícil, sem mordomias, sem afagos, sem flores,sem festas...
Contudo, era uma escolha. Dolorosa. Para que afinal?
Afinal, essa é a grande pergunta da humanidade: porquê vivemos, porquê estamos aqui...lelelelele...
E eu, aqui sentada, século 21, mulher madura, que nem sabe muito bem da vida ainda, nem sabe se um dia ficará sabendo, já sei porque escolher a dor numa tarde, já sei porque escolher o caminho das pedras sem flores...
Tudo, mas tudo mesmo, é menos importante do que aquela cruz ensanguentada numa tarde quente, onde um ser bebeu vinagre ao invés de água no momento da sede mortal dos últimos suspiros.Do sofrimento de um homem que era o próprio filho de Deus, mas escolheu aquela dor, no maior símbolo de humildade e amor que alguém já pode ter visto... ele podia ter descido daquela cruz, ele podia ter feito qualquer coisa que quisesse...mas ficou ali, calado, amando apenas...
Que mundo é esse? será que temos o direito de ficar nos perguntando ainda porque estamos aqui???
Tudo é menos importante. Meu dinheiro, trabalho, roupas, carro, amigos, amores, tempo,diversão e até a tristeza que sinto agora, que me corta a alma, é menos importante do que aquela cruz, é menos importante do que ter Jesus na minha vida e ser sua amiga...Nada é melhor do que saber o porque de estar nesse mundo: sou um pedacinho dessa história de amor divina. E o que eu quero? sei também: ter um coração cada vez mais parecido com o dele...Pra que? para ter vida, para ser vida, para ter vida eterna... ( Marly Motta)      foto: Ernani P. Silva

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


Me deixe um pedaço do que tinha aí nesse coração enquanto me amou.
Eu quero guardar as cartas escritas nas noites loucas que em mim pensou... sei que isso parece música brega de mil novecentos e bolinha...e que fica meio ridículo expor.
Não encontrei outra forma, todas as coisas mudaram, o homem foi á Lua, mulheres trabalham fora, cidades cresceram,  o sol ficou mais agressivo...mas esse tal de amor...nada o perturba, nada o convence sobre outras possibilidades...
Então estou aqui, me lastimando, como os antigos poetas, sentindo saudade como Nos romances do século passado, quem não se sente assim alguma vez? mentira porque sente.
Esconde, mas sente. Esconde porque é obsoleto, exteriormente fora de moda. Mas por dentro é vulcão que sempre explode dentro da gente, por dentro é ferida que nunca sara, é dor e vida que pulsa, não tem jeito.


Mas...volto a dizer: me deixe um pedaço do que tinha aí nesse coração enquanto me amou...como se fosse um filho gerado na alma, uma continuação do que foi lindo, que esse brilho nos olhos de quando me lembro de você permaneça nos detalhes, desse pedaço de amor guardado dentro de mim.
 Não tenho medo de continuar gerando isso, não dói, o que dói é o vazio de nunca ter tido nada seu...e sei que tenho, posso guardar,mesmo que pouco, o brilho dos seu olhos quando encontravam os meus...
  
Ao amor...porque ele pode ser eterno.Ele tem esse poder.











sábado, 7 de maio de 2011


Eu queria dançar essa música, mas ela está muito lenta. Estou me perdendo nas notas, estou errando os passos, os passos que poderiam me levar até você...
"São tantos, tantos passos que alugo..." não são meus, você me deixou como uma incógnita no seu poema, "nem lá, nem cá"...
É muito tempo para não te beijar, é...muito tempo para ficar sem respirar.Você me tem como uma ave livre dentro da prisão, não segura as portas, não impede que eu fuja, mas não me dá alternativas para querer fugir...
Porque não vejo liberdade longe de você...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011


Queria só dizer coisas importantes,como o aquecimento global ou a descoberta de um novo planeta, mas só consigo pensar em pessoas. Tantas e tantas hoje, ao meu redor, perto,longe...relativamente ausentes, algumas vezes presentes de outras formas...
No fundo, penso que meu coração é parecido com o de Chiara Lubich( acho que é esse mesmo o nome) numa oração dela que li quando ainda era menina:" Senhor, dá-me todos os que estão sós..."
Eu estou só quando deixo o mundo sozinho, quando me esqueço de orar pelos outros no meu dia-a-dia meio bagunçado...
O medo agora a noite que parece uma onda gigante é a cobrança do meu lado calmo, do meu lado que consegui transformar para o bem.
A mentira persegue a nossa paz, ela é uma ausência disfarçada de mel, chocolate e sorvete cremoso...desejamos a mentira assim mesmo!
Porque queremos sempre o que não existe, queremos o que não podemos ter, inventamos histórias com finais felizes para não precisar crescer.
Agora sei como crescer dói.
São algumas horas de uma noite onde sinto a necessidade de afogar meu lado perverso, e alimentar a pequena mudinha de paz que alguém me presenteou...
O medo pode ser um bom sinal algumas vezes, ele pode ser um sinal de alerta como:"o que você tem feito da sua tão passageira vida? da sua tão incerta existência, quantos minutos você tem dedicado para edificar sua casa num lugar seguro, e, porque usar seu lado humano mais feio, se você tem tantas coisas boas para superar isso?
Você não é a mentira que alguém te contou, nem aquela que você mesmo inventou num dia de caos para fugir dos conflitos.
Você não é apenas esse ser mesquinho e perverso que muitas vezes aflora.
Eu acredito que todos nós recebemos de presente uma mudinha de paz para cuidar na nossa vida, ela precisa de cuidados diários, precisa que você acima de tudo queira ser alguém melhor...